quinta-feira, 23 de abril de 2009


A Curva dos Teus Olhos




A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito

É uma dança de roda e de doçura.

Berço nocturno e auréola do tempo,

Se já não sei tudo o que vivi

É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,

Hastes de brisas, sorrisos de perfume,

Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,

Barcos de céu e barcos do mar,

Caçadores dos sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras

Abandonado sobre a palha dos astros,

Como o dia depende da inocência

O mundo inteiro depende dos teus olhos

E todo o meu sangue corre no teu olhar.



Paul Eluard, in "Algumas das Palavras"

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