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Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços.
A tua pele será talvez demasiado bela e a luz compreenderá
a impossível compreensão do amor.
Um dia, quando a chuva secar na memória,
quando o Inverno for tão distante,
quando o frio responder devagar como a voz arrastada de um velho,
estarei contigo e cantarão os pássaros no parapeito da nossa janela.
Sim, cantarão passáros, haverá flores, mas nada disso será culpa minha,
porque eu acordarei nos teus braços e não direi nem uma palavra,
nem o princípio de uma palavra,
para não estragar a perfeição da felicidade!"
José Luís Peixoto
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