segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Um poeta a descobrir



"Imagino que sobre nós
virá um céu de espuma e que,
de sol em sol,
uma nova língua nos fará dizer
o que a poeira da nossa boca adiada soterrou
já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flôr.
Dizes: põe nos meus os teus dedos e passemos,
os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho do tempo
que ardeu sem luz.
Sim, cria comigo esse silêncio que nos faz nús
e que nos acende o lume das árvores de fruto.
Diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no Mundo um dizer ainda puro."


Poema de Vasco Gato

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