sábado, 14 de novembro de 2009
Detesto a inocência. a inocência fingida. odeio todos aqueles que se resguardam na inocência para poupar a tristeza dos outros. detesto-te quando queres fugir ao julgamento de tudo o que sentem por ti. nunca estamos sós. pensa nisso, nunca estamos a sós com a nossa vida. existem sempre os outros, o sentimento deles a construir vedações à volta do que sentimos também por eles. há uma troca de vidas, palavras que não são margens nem são pontes; palavras que são tudo o que nos resta para morrermos. lê o que eu escrevo. não sei onde vou buscar tudo isto, não sei. e se eu te disser que o sofrimento é uma atracção daqueles seres profundos onde não os atingimos nem a gritar? temo que sejas uma criatura assim. alimentas-te do teu próprio eco. muitas vezes agi de cabeça quente de criança a desmontar peças existenciais porque não sei onde começa o humano e acaba a monstruosidade do que sinto pelo mundo das pessoas. não acredito em inocências. não há farsa maior e bem construída que os sentimentos que se ocultam numa verdade inocentemente fingida. se eu te dissesse tudo o que sinto, tudo a respeito da tua inocência, teria de me destruir para dar um sentido à minha honestidade. os humanos vivem no subconsciente das suas próprias verdades, e tudo o que expõem de positivo são ruínas que se erguem debaixo dos nossos dias.
Fernando Esteves Pinto
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