segunda-feira, 2 de novembro de 2009







Ouve! Saberás, por ventura, que todas as palavras
nasceram para ti?
E que enquanto aqui te espero acordada
enquanto de amordaço a boca
de cuspe meu e faço dele um oceano livre de sal.
Apenas estrelas
de pescoço esticado em direcção ao céu.
Se esta casa ainda é minha,
se esta combustão ainda me pertence
quando os teus lábios dizem:
"O segredo está morto ao acordar,
mas se acordo junto a ti como podes isso ser?..."
Como poderá um nome ser tão extenso
quanto o areal da praia em que nos beijamos pela primeira vez?
Primeiro estudei o caminho,
aprendi as curvas e as lombas;
depois fiz por esquecê-lo;
amarrotei os papéis e as cartas,
queimei todos os fósforos numa perfeita metáfora
da imagem das vírgulas
que pontuo como asteriscos no teu corpo,
papel em branco manchado pelas minhas mãos...
E nestas mãos já não cabem pedaços de versos
ou trechos de poemas.
São dedos apenas os que te seguram.
Como trepadeiras mágicas, os dedos procuram,
a tua altura não é do tamanho do que vês.
É maior. Nasce no magma do centro da Terra e cresce até à minha boca,
onde te desfaço em pedaços.
Páro, agora,
para te dizer que te amo,
e porque eu fecho,assim, tão simplesmente,
as palavras junto a mim....



Amanda, Ana Sofia, Constança e Cristina in "Karaoke"

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