terça-feira, 8 de dezembro de 2009





Talvez houvesse uma flor

aberta na tua mão.

Podia ter sido amor,

e foi apenas traição.



É tão negro o labirinto

que vai dar à tua rua. . .

Ai de mim, que nem pressinto

a cor dos ombros da Lua!



Talvez houvesse a passagem

de uma estrela no teu rosto.

Era quase uma viagem:

foi apenas um desgosto.



É tão negro o labirinto

que vai dar à tua rua...

Só o fantasma do instinto

na cinza do céu flutua.



Tens agora a mão fechada;

no rosto, nenhum fulgor.

Não foi nada, não foi nada:

podia ter sido amor.



David Mourão-Ferreira

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